o “C” do Carrefour
Quando eu estava no terceiro semestre, tive o primeiro módulo da Teoria do Design. O professor da matéria era o Mauro Claro, lendário por reprovar uma turma inteira com mais de setenta alunos. A média final seria calculada por três notas (com pesos diferentes, que não me lembro quais eram): um trabalho individual, um trabalho em grupo e uma prova individual.
Logo na primeira aula o professor já passou o trabalho individual com o tema o meu modo de ver o design. A proposta era cada um escolher algo do seu dia a dia, fosse um objeto, uma peça gráfica ou qualquer outra coisa e apresentar num cartaz, tamanho A3, “onde estava o design ali”. Não era para fazer uma análise detalhada, apenas um breve depoimento pessoal. A nota seria a soma da avaliação do texto (0 a 5) e da própria composição do poster (0 a 5).
Os trabalhos seriam apresentados e avaliados duas vezes. Após a primeira apresentação, os problemas poderiam ser corrigidos antes da segunda. Embora nas duas etapas seriam atribuídas notas, só a final entraria no cálculo da média do semestre. A outra serviu como parâmetro para auto avaliação do trabalho e correção de problemas.
Eu escolhi falar sobre o “C” (já nem tão) oculto do logo do Carrefour:
Desde criança, sempre me perguntava: “O que significa esse logo do Carrefour?” Achava que era algum tipo de setas personalizadas. Mas se fosse, para onde estariam apontando?
Certa noite, quando eu voltava da faculdade, passando em frente a uma loja Carrefour, um amigo comenta: “Irado esse lance do ‘C’ do Carrefour!” Então percebi que havia uma letra entre as cores vermelha e azul no logo.
Notei também que o conjunto formava a bandeira francesa. A flâmula não está presente no logo apenas por simbolizar a origem do supermercado. A culinária francesa é considerada “a cozinha internacional”, ou seja, uma das melhores gastronomias do mundo.
A letra ‘C’ mais a bandeira francesa significam que você encontrará a melhor comida no Carrefour.
Fiz um cartaz bem simplório. Imprimi numa das péssimas impressoras do prédio 29, imaginando contar com a compreensão do professor em relação à qualidade dos equipamentos do Mackezie. Era a primeira vez na vida que entreguei um trabalho impresso tamanho A3 na minha vida. Estava todo orgulhoso disso. Porém, a nota foi um balde de água fria: 3 pelo texto e 0 (ZERO) pelo visual! Sem nenhum comentário ou qualquer justificativa verbal sobre o que errei.
Eu mesmo precisei reavaliar o trabalho e percebi que teria que refazê-lo do zero. Só o texto se salvaria (mesmo assim foi bem revisado para ficar como está acima). E a versão final do cartaz ficou:
Sinceramente não me lembro qual foi a segunda nota do cartaz. Imagino que não tirei 10 (eu não daria dez para isso). Só sei que a avaliação foi ótima pela composição da média do semestre. Os dois trabalhos tinham peso iguais e menores que a prova, e mesmo antes de fazê-la, eu já estava aprovado (tanto que fui muito mal na prova e fechei acima de sete).