Ontem durante o café da manhã ouvi uma colega comentando a respeito da cobrança de multas para que desrespeitar a faixa de pedestres na capital paulista. Como muita gente concordaria, ela disse “isso é sacanagem… só pra arrecadar dinheiro”. Exatamente como ela, muitos também acham que multa de transito é mais uma forma do governo arrancar “injustamente” dinheiro do cidadão.

Recentemente, houve um caso de grande repercussão, no qual um Land Rover atropelou e matou uma pessoa na madrugada paulistana. A motorista confessou que bebera algumas doses, mas se recusou a passar por exame de bafometro ou de sangue, com a já manjada desculpa de “não sou obrigada a produzir provas conta mim mesma”. Mas o impacto no pedestre foi tão forte que o carro capotou e só parou num poste.

Desde que a chamada lei seca entrou em vigor, alguns anos atrás, magistrados do país todo “entenderam” que policiais e agentes de transito não têm poder para fiscalizar o estado de embriaguez de condutores. A lei rescém aprovada, sancionada e regulamentada foi rasgada e descartada pelo poder judiciário. Não compararei isto com nada do tipo “empregador se recusar a receber agentes do Ministério do Trabalho averiguando denúncia de trabalho escravo” ou de qualquer outro, pois já considero a impossibilidade de se retirar um condutor alcoolizado das ruas algo grave o suficiente para servir de parâmetro de absurdo.

Afinal de contas, qual o problema de passar um sinal vermelho após as 22h? Se você o fizer e encontrar um Porsche atravessando o cruzamento a 150 km/h, talvez você viva o suficiente para descobrir a resposta. Foi mais um exemplo recente do que acontece quando dois erros se esbarram (literalmente) pelo caminho.

Há também aqueles que abusam da falta de descanso. Normalmente, associamos isso a caminhoneiros. Mas por causa de um irresponsável  que dormiu ao volante, quase perdi uma perna. E foi aí que descobria que a diferença entre tragédia e fatalidade é que um é o ponto de vista da vítima, e o outro do culpado pelo acidente.

Isso mesmo. Quem comete uma infração de transito, causando um acidente ou não, é culpado. Ser responsável não significa ser culpado. A culpa é exclusiva de seu causador e a responsabilidade se divide entre aqueles que partilham o ônus.

E para todos aqueles que acham que “multa de transito é uma forma de tirar dinheiro do povo deliberadamente”, lembrem-se: normalmente só toma multa quem fez algo de errado. Então é preciso que cada um tome cuidado por si e pelas demais pessoas ao redor. E quando necessário, cada um que assuma a própria culpa.

Comentários

  1. Thiago disse:

    Grande João, tudo certo? Concordo em quase tudo, mas se vc. ficar a noite, após as 22:00hrs parado no semáforo, esperando o sinal ficar verde, a chance de ser assaltado é grande. Claro que um problema não justifica o outro, mas é algo a se considerar. O problema existe e as autoridades sabem disso, tanto que em muitos lugares, após as 22:00 hrs o próprio semáforo para de funcionar e fica piscando amarelo para os dois lados…

  2. Thiago disse:

    E essa história da sua perna eu não sabia. O que aconteceu?