Às vezes assistimos uma animação como esta e simplesmente a classificamos como “tosca”, “podre”, “trash” ou com qualquer outro adjetivo depreciativo. Mas, dispense seus preconceitos e analise-a melhor:

Não se trata de um efeito especial inserido por um cromaqui que deixa um contorno azul nas pessoas. Isso é Computação Gráfica 3D, pura e aplicada, em 1985. Época na qual os computadores nem possuíam disco rígido e as interfaces gráficas e sistemas operacionais (Windows, Mac) trabalhavam com apenas 16 cores. Nem sei se existiam programas de CAD naquela época, mas se existiam, certamente não seriam 3D. Captura de movimentos então, nem em teoria.

Esse tipo de imagem surgia apartir de uma arte conceitual, que alguns matemáticos davam movimento, através de equações abstratas. Ou seja uma animação como esta era programada bit a bit. Certa vez, li um relato de Hans Donner sobre esse processo.

Normalmente, naquela época, este tipo de animação 3D usava somente combinações de sólidos básicos, como cubos, cones, esferas, etc. Os filmes possuíam grande complexidade, mas dificilmente viam-se personagens humanóides. Quem conhece o processo de animação convencional (hard draw), aquele de desenhar várias vezes a mesma coisa com pequenas mudanças, consegue ter uma noção de como é mais complicado imaginar estas ‘pequenas mudanças’, sem visualização contínua dos movimentos, sem a mínima visão das cores e efeitos de luz. Era um trabalho desgraçado.

Ignorando-se toda a dificuldade técnica e tecnológica da época, o vídeo clip realmente dá movimento à letra da música, verso a verso, acorde a acorde. Soma-se isso ainda a inserção das imagens reais da banda ao cenário, projetadas num telão ao fundo. Ainda dá para chamar esta animação de trash?

Lendo-se a letra de “Money for Nothing”, da banda Dire Straits, observamos uma que poucos clips possuem tamanha sinergia e sincronismo com a música que representam, animados ou não.