Semana passada órgãos da imprensa decidiram fabricar uma notícia. Segundo os dois órgãos de imprensa o Governo Estadual cedeu à pressão de um grupo de moradores do Higienópolis e desistiu de construir uma estação de metrô no bairro. Ou seja, o poder público se dobrara perante a elite paulistana.

Imediatamente o Metrô divulgou uma nota em seu site esclarecendo que a não desistiu da obra, apenas decidiu mudá-la de lugar. Como já havia retirado do projeto uma estação no estádio do Pacaembu, para baratear a construção futura nova linha, decidiu juntar as duas no meio do caminho. A mudança também visa readequar a distância entre as estações. A estação “cancelada” na Avenida Angélica ficaria a ¼ do caminho entre a estação Mackenzie e a estação PUC.

Sinceramente, uma explicação perfeitamente coerente. Mesmo assim a imprensa insistiu na história. Depoimentos com “tradicionais” do bairro dizendo que o local se tornaria um “antro de maconheiros”, que a estação aumentaria o número de “ocorrências indesejáveis” pois atrairia uma “gente diferenciada”.

Um mega protesto, batizado “Churrascão da Gente Diferenciada”, foi “convocado” na Facebook. De mais de 10.000 pessoas que confirmaram presença, só 300 apareceram. O que parte da imprensa tentou transformar num grande espetáculo de mídia, não servira de notícia nem para o jornal do bairro.

Não que esteja defendendo o poder público, mas claramente tentaram distorcer os fatos. Ao invés de fabricar uma notícia sobre uma estação de uma linha que deve ficar pronta sabe-se lá quando, estes seríssimos jornalistas poderiam ter escrever sobre problemas das linhas existentes. Como, por exemplo, a rede de eletrificação dos trens da linha 7 da CPTM, mais uma vez apresentou problemas, dificultando a vida de muita gente. Inclusive a minha. Quase sempre que chove, os trens tem problemas por lá. Mas isso foi entre Perus e Caieiras, divisa da periferia com outro município “menos nobre”, então não vende jornal.