Sábado a noite, fizemos um churrasco em casa. Minha função: acender o fogo.

Estava difícil fazer o carvão se acender. As poucas brasas que se formavam se cobriam com cinzas rapidamente. Motivo: o frio. Embora a churrasqueira estivesse num lugar protegido do vento, o ar estava muito gelado. A temperatura estava tão baixa como a muitos invernos não estava. E isso que o deste ano ainda nem começou!

Isso tudo me fez lembrar da minha adolescência. Das férias de julho. Acho que de todos os anos até que eu completasse uns vinte. Fazer fogueira na praça, no final da rua, ou num terreno baldio. Algumas vezes apenas o fogo pelo fogo, só para esquentar. Outras colocando batatas nas brasas, as quais só tirávamos na hora de ir embora: “cascudas”, duras e ruins, era assim que ficavam. Às vezes umas salsichas também eram assadas. Mas o legal mesmo era reunir a galera (mesmo que estivéssemos em três ou quatro pessoas). Queimávamos madeira de construção ou achada na rua.

Sou fascinado pelo fogo desde pequeno. Se fosse uma pessoa menos equilibrada, provavelmente me tornaria um piromaníaco. Observar as labaredas, assoprar as brasas, ver as chamas aumentando. Eu adoro isso! Até hoje, quando fazemos churrasco em casa, gosto de responsabilizar pelo fogo.

Isso tudo é uma daquelas coisas que não vemos mais. Hoje, na praça onde fazíamos as fogueiras, existem casas em toda a sua volta. Ela também fica cheia de gente de fora da vila, que vem de carro encher a cara e fumar maconha. No final da rua também não é mais possível. E nem há mais terrenos baldios para isso. Fora a criminalidade, que não permite mais que fiquemos parados tarde da noite em um local ermo.

Essas são coisas que a molecada de hoje nem se anima em fazer. Preferem ficar em casa jogando videogame ou entrando no Orkut. E quando saem de casa, com certeza não querem ficar na rua em volta de uma fogueira, numa noite fria. Ou pelo menos essa é a impressão que tenho.

Aquele era uma tempo mais tranquilo. Uma época que podíamos ficar até tarde na rua, sem vizinho chamar a polícia ou sem o pai ir buscar.

Tempos que aproveitei bem. E que não voltam mais. Nem para mim, nem para ninguém.

Comentários

  1. Ganthet disse:

    Uma lareira, um foundi, um bom vinho e minha namorada. Um programa muito melhor p/ o frio que batata na fogueira da praça.

  2. Nathália Piva disse:

    Acho q eh vc q naum tem mais com quem fazer fogueira. Sempre q da, fazemos fogueira na chacara de um amigo meu.
    E dia 12 era muito mais p/ um progama tipo do Ganthet do q p/ churras.

  3. Rossatto disse:

    João, muito legal o texto. Tenho a mesma opinião sua e compartilho de sua nostalgia.

    Mas deixa eu perguntar, era só a batatas que vc queimava ou queimava outra coisa também ?

    hahaha … abs

    1. JODF disse:

      Somente batatas.