Eu vi a bíblia de Gutenberg
Depois de uma curta noite de sono, dois trens errados e um certo, cheguei a Mainz. Fui até lá para ver o que mudou a história da humanidade como, talvés nem a própria escrita ou a roda fizeram: prensa tipográfica de Gutenberg.
Parece um comentário exagerado, mas sem ela a escrita , consequentemente, o conhecimento ainda seriam excluisividade de meia dúzia de monges enclausurados. A importância desta prensa é tanta que Gutenberg é aclamado como a personalidade do segundo milênio, e a própria prensa, o invento mais revolucionário dos últimos 1000 anos.
Garoou o dia todo, e eu achava que havia decorado o percurso da estação até o museu, de tanto estudar o percurso no Google Maps. Mas acabei me perdendo ao cruzar a muralha que separa a cidade do rio Reno. Percorri uns 3 km pelo parque linear que margeia o rio. Uma visão muito interessante mas com bem menos aves que o rio Main.
Cheguei ao final do parque e fui parar na avenida principal da cidade. Então segui os mapas dos pontos de ônibus (bushaltestelle), até chegar ao museu. Um prédio histórico na frente, e um moderno que realmente abriga o museu.
Comecei a visita pelo subsolo, algumas exposições temporárias de tipos não latinos. E enseguida, subi ao primeiro andar, onde havia várias prensas litográfica. Pena que é proibido fotografar. Equipamentos de centenas de anos de toda a Europa. Detalhes da preparação da pedra e da gravação da matriz. Impressão colorida, com direito a amostras e separação das camadas.
Na sala ao lado, gravura em meta. Água tinta, água forte, ponta seca, bisel, detalhando cada método de gravação. Máquinas para impressão. Tintas, amostras de tiragem. E um pouco de xilogravura também.
na seção seguinte, livros e códices barrocos e renascentistas. Impressões anteriores ao tratado de tordesilhas. Mapas-mundis, livros, folhetos. Tinha até um “manual médico” mostranto pontos e para ferimentos mortais em batalha. E o mais interessante: do mesmo jeito que temos diversos livros e manuais tipográficos, como os escritos por Cláudio Rocha, Adrian Frutiger e muitos outros, séculos atrás os impressores também tinham esses materiais de referência.
E na andar seguinte, a “especialidade da casa”: o acervo do “Cidadão do Milênio”.
Comecei pelas homenagens. Monumentos, copos, pratos, vitrais, impressos, histórias em quadrinhos e até brinquedos com a cara e/ou o nome de Johannes Gutenberg. Havia também uma maquete de Mainz na época que ele viveu.
Na sala seguinte, instrumentos, ferramentas e tipos originais usados pelo próprio. Foi então que descobri que a prensa não existe mais. Mas tinha um cofre (isso mesmo que vocêleu, um cofre) onde estavam expostas duas bíblias originais e outros trabalhos de Gutemberg. Mas resolvi deixar estes ítens para o final.
Percorrendo o andar, vi as técnicas de produção de tinta e de composição de práginas usadas por Gutenberg. Ornamentos, capitulates e textos eram entintados e impressos simultâneamente, nas respectivas cores azul, vermelho e preto. Por isso demou quase três anos para terminar uma tiragem de menos de 200 cópias, somando-se as em papel e em de pergaminho.
Ainda neste andar, encontrei um anexo com tipografia asiática. Matrizes chinesas em terracota. A produção de “tipos” em argila, madeira e metal, esquematizada em linhas de produção com bonecos. Uma caixa de tipos chineses original do século XVII. Litografias japonesas do século XIX.
Chega de enrolação: vamos ao cofre. Duas Bíblias de 42 Linhas absurdamente conservadas. Gela a espinha olhar para aquilo. Mais dois enormes livros, um do gênesis e outro do Novo testamento. Alguns missais e outros livros pequenos. Alguns caligrafados por Gutenberg. Sério mesmo, só estando lá para entender o que é ver a impressão original que mudou o mundo. Sem esta bíblia, provavelmente nem meu blog, ou mesmo a internet existiriam hoje.
Subindo ao proximo andar, vários livros de várias partes do mundo, com diverss técinicas, de todas épocas e para todos os públicos. Sem brincadeira: havia até um livro infantil alemão, que ensinava crianças a não comer renho, de uma forma lúdica.
E no último andar, mais alguns equipamentos recentes de impressão e uma ala dedicada à encadernação capa dura, com métodos artesanais e o uso de alguns recursos mais modernos como máquinas de costura.
E última seção do museu: uma seção dedicada aos suportes de impressão antigos. produção de papiro, papel e pergaminho. E derrepente me deparo co trê molduras com o um aviso “Bitte berühren!”. PÇuxei o dicionário do bolso, procurei o significado. Não acreditando na minha tradução, abordei um funcionário do mseu e pergunte se realmente era permitido tocar naquelas três peças. “Ja” disse o homem.
Então tmidamente encostei a ponta do meu indicador direito sobre a primeira amostra. O senhor me encorajou então a tocar a palma toda da mão sobre as amostras. Isso foi legal pra caramba!
Depois de quase duas horas e meia, decidi ir embora. Mas antes passei na lojinha, a Gutenberg-Shop. Sinceramente, não tinha muita coisa legal a venda. Nem aquela réplica da prensa valia a pena. para não sair com as mão abanando, comprei quatro tipos de metal (J, O, D e F) e três selos de cera quente com bastões de cera.
Recomendo a todo mundo que seja ligado à area gráfica, editorial ou mesmo design a visitar o local. É uma experiência única.
Me despedi do museu, e resolvi explorar um pouco mais a cidade de Mongúcia (o nome português de Mainz). Me perdi pelo labirinto de ruas estreitas do centro centenário do local.
Então a chuva começou a almentar e tive de voltar a Frankfurt.
Amanhã eu sigo viagem até München.
João, wo sind die Deutschen? Gerade sah es nicht, bis jetzt … big hug
Os alemães de Frankfurt são mais gente boa que os de München.
Não é impressionante? A gente fala qualquer bobagem em outra língua e parece algo lindo…
Não quando a gente entedeu o que foi dito