A banda local mais legal do mundo
Sábado estava reorganizando minhas gavetas, quando achei esta camiseta:
Minha velha (e como está velha) camiseta do Fisttcuffs, a banda local mais legal do mundo.
Comprei esta camiseta do vocalista Nick, uma vez que fui à casa dele para usar o scanner (artigo raro nos anos 90). Impressa em serigrafia tosca caseira, torta e com muita tinta branca calçando o desenho. Repare que na manga (se é que é possível) que a marca da Oba! Records ainda era uma espiral, e não o conjunto de elípses atuais.
Com rits “Não”, “Queria te Dizer”, “Spocke”, “Quartel” e algumas outras músicas em sua primeira fita demo (alguém ainda se lembra o que era isso?), Çonzeira, o quarteto ganhou notoriedade na região de Jundiaí na segunda metade dos anos 1990. A formação clássica contava com Nick nos vocais, Mirtão na guitarra (substituindo Emer), Favela no baixo e Alê na bateria.
No Bar do Bilé, no Ruínas Rock Bar e em outros butecos de Jundiaí e região, o Fisttcuffs e outras bandas locais juntavam centenas de moleques roqueiros para curtir o bom e velho Hard Core e Punk Rock. Num domingo, no qual algumas meninas da minha classe organizaram um churrasco em Vinhedo e não me convidaram, me juntei à esta molecada pela primeira vez, num bar na Rua Pirapora, na Vila Rami. Gostei e me empolguei tanto que ía a praticamente todo lugar onde os caras tocavam. Eu era tão presente que merci até uma homenagem no antigo site da banda: uma foto minha “agitando” com a legenda “este é o nosso maior fã no mundo”.
Havia dezenas de outras bandas locais, como Kaktus Eréktus, No Deal, Charlie Rold, Burt Raynolds, R14 Radial, Estúpro a Domicílio, A Véia Quaker, sem contar outras várias de Havy Metal. Algumas tão legais quanto o Fisstcuffs, outras muito boas mas muito sem graça (Charlie Rold e Burt Raynolds), e outras uma bosta total. Era um clima quase total de rock na cidade e municípios vizinhos. Quase todo mundo (inclusive eu) teve uma banda nos últimos anos do século XX.
Posteriormente, na época do lançamento de sua segunda demo, o Fisttcuffs começou a tocar em cidades fora da região. Sepre que tinha dinheiro, eu ia junto. eram viagem muito legais, com muita bagunça nas Topics e Bestas. Sempre parando na estrada para algum bêbado mijar. Tudo isso para chegar em lugares “bonitos” ou em espelúncas quase desabando (como o Planeta Rock em São Bernardo do Campo). Grandes casas ou pequenos butecos, e até em puteiro (nesse eu não fui).
Em contra partida, a banda começou a organizar shows quase semanais no salão do Nacional Atlético Clube, de Jundiaí. Bandas paulistanas, como CPM22 (ainda semi-anônima) e Blind Pigs de de outros lugares, como o Positive System (de Salto/Itu) começaram a tocar na cidade.
O vocalista Nick também se tornou co-organizador do do festival Pão e Poesia, que reunia bandas de Hard Core à tarde e de Metal à noite, além de teatro e artes plásticas no Parque da Uva. Nick também intermediou e organizou shows de bandas consagradas nacionalmente, como Inocentes, por exermplo.
A banda comemeçou a evoluir e perseguir o sucesso conforme a moda da época. Flertaram fortemente com o Ska Core. Mesmo sem nenhum maconheiro em suas fileiras, fizeram algumas músicas exaltando a erva. E na virada do século, se engajaram levemente no Hard Core Melódico (que deu origem ao Emo). Neste processo o Fisttcuffs encurtou seu nome para Fistt apenas. Favela e Alê deixaram a banda.
No lugar do Favela, Fabrizio Martinelli assumiu o baixo, que posteriormente entregou-o ao Nick e tornou-se mais um guitarrista. Na bateria, vários caras seguraram as baquetas, mas nenhum com o mesmo carisma do Alê. A banda já não era mais tão legal.
A vida me levou para outros caminhos. Perdi contato com todos o membros do Fistt, das outras bandas da época e de todo mundo que frequentavas os “sons” nos anos 90. Alguns, como o próprio Nick, reencontrei por redes sociais. Mas não é mesma coisa.
Posso afirmar com certeza que aquela foi a melhor época da minha vida.