O losango da Bandeira
Cento e vinte e seis anos atrás, a turma do Marechal Deodoro adaptou a Bandeira Imperial para usá-la no período republicano.
Não sei como é ensinado hoje, mas no meu tempo de escola, aprendíamos que o verde representava as matas, o amarelo o ouro, o azul o mar (posteriormente corrigido para o céu) e o branco a paz.
Eu já era grande quando vi, num programa infantil (que não me lembro qual) a verdadeira explicação para a composição. Obviamente, no período republicano, o brasão imperial foi substituído pela esfera celeste, que reproduzia o céu do Rio de Janeiro na noite de 15 de novembro de 1889. Quanto às cores: o verde era a identificação da Dinastia de Bragança, a linhagem real portuguesa pós União Ibéria, a família de Dom Pedro I; o amarelo representa a casa de Habsburgo, que governava a Áustria antes da formação do Império Austro-Húngaro, que era a família de Dona Maria Leopoldina, primeira Consorte de Dom Pedro I.
Até aí tudo bem. Mas por que um losango?
Isso é um pouco mais complicado: quando Dona Maria Leopoldina morreu, Dom Pedro I casou-se com Amélia de Leuchtenberg, filha do primeiro casamento de Josefina de Beauharnais. Ou seja, ela era enteada de Napoleão Bonaparte.
Durante a expansão do Império Francês, Napoleão assumiu a coroa do Reino da Itália por nove anos (que antes disso era uma república).
A bandeira da república italiana, naquela época, era composta por um quadrado verde no centro, dentro de um quadrado branco inclinado a 45°, que estava dentro de um quadrado vermelho. Napoleão alargou a bandeira para acomodar uma águia dourada no centro. Com isso, o quadrado branco distorceu-se e virou um losango. Este elemento geométrico, que surgiu acidentalmente, foi incorporado ao emblema pessoal do Imperador Francês.
Então o Imperador do Brasil incorporou o losango à sua bandeira pessoal como homenagem ao padrasto da sua segunda esposa. (Uma coisa que não bate nessa história é que a Dom Pedro já usava este símbolo antes de declarar a independência do Brasil, e Maria Leopoldina morreu em 1926).
Essa confusão ficou adormecida por muito tempo no meu inconsciente. Até quase um ano atrás, quando visitei o mausoléu de Napoleão Bonaparte e me deparar com este emblema no piso: