Quando cheguei em Frankfurt, três anos atrás, surpreendi-me ao ver bicicletas sendo usadas como meio de transporte. A cena se repetiu em todas as cidades que conheci na Alemanha. Em Berlin encontrei uma estação pública de aluguel de bikes. Na época eu ainda não era “saudável” e não tentei locar uma “magrela”, mas voltei com esta ideia na cabeça: bicicletas como meio de transporte, não como lazer.

Aqui no Brasil, é mais comum vermos bicicletas serem usadas como meio de transporte em cidades litorâneas. Nossos preconceitos nos dizem que “caiçaras andam de bicicleta porque são vagabundos”.

Em Porto Alegre, deparei-me com estações de bicicletas laranjas, patrocinadas pelo Banco Itaú, em vários pontos da cidade (já ouvira falar disso em São Paulo, mas acreditava que estavam disponíveis apenas em finais de semana e feriados). Quando soube que poderia pegar uma bike em qualquer ponto da cidade e devolvê-la em qualquer outra estação, tentei alugar uma para, mas não consegui. O sistema não aceitou o meu cartão. A frustração foi tão grande que acabei comprando minha própria bicicleta no final do ano passado.

Ainda na viagem de 2013, encontrei bicicletas públicas em Buenos Aires e no hostel de Montevideo. Mas a frustração de PoA era tão grande que nem me passou pela cabeça pedalar nessas capitais.

Este ano, já ciclista, quando viajei de férias tive vontade e oportunidade de alugar uma bicicleta em Lima. Mas não tive coragem de pedalar pelo caos que é o trânsito da Capital Peruana.

Meu medo de sufocar na altitude me impediu de fazer o caminho entre Cusco e Aguas Calientes pedalando.

Depois que não consegui o empréstimo de uma bicicleta pública em Bogotá, achei que só pedalaria por uma grande capital se levasse minha Caloi 100 para São Paulo (e sou doido para experimentar uma das polêmicas ciclovias vermelhas de lá).

Semana passada, um comentário de um post sobre as ciclovias de São Paulo que vi no Facebook, alguém mencionou que usava as bicicletas laranjas do Itaú diariamente para descer a Rebolsas.

Ontem, precisei ir à Vila Olímpia, em São Paulo. Antes, queria passar no Paraíso. Planejando a rota entre os dois bairros, percebi que levaria quase o mesmo tempo para ir a pé ou de ônibus. De Metrô e CPTM demoraria mais e ainda caminharia muito.

Então me perguntei: e as bikes laranjas?

Considerando os tempos e distâncias que percorro em Jundiaí e que o percurso, entre o Paraíso e a Vila Olímpia, é praticamente ó descida, concluí que este seria o meio mais rápido de cumprir esse caminho. Não o mais legal. O mais rápido mesmo.

Terça-feira baixei o aplicativo Bike Sampa. Descobri que, ao contrário de PoA, o empréstimo era gratuito. Pesquisei as estações nos dois bairros. E estudei bem o mapa do percurso.

Então ontem, na Rua Dr. Afonso de Freitas, na estação 11, habilitei a bicicleta que estava na posição 1 e #PartiuVilaOlímpia.

Logo na saída parei para regular o banco. O espelho  “era só pra constar” (depois que acostumei com o retrovisor na bicicleta, foi bem aflitivo não ter um que não funcionava). A falta de capacete também me causou estranhamento. Meu estudo do mapa também não adiantou muito: não consegui evitar as vias mais movimentadas e nem lembrar do caminho. Acabei chegando porque segui um rumo instintivo em direção à Pinheiros passando por Moema. E ainda me perdi na Vila Olímpia. Mesmo assim, levei pouco mais de meia hora para devolver a bicicleta na estação 61,  localizada na rua Baluarte, ao lado do campus da Anhembi Morumbi e a poucos quarteirões do meu compromisso.

Finalmente consegui pedalar por uma cidade grande (na maior que conheço)! E sim, foi muito muito legal. E daqui pra frente, considerarei bicicletas públicas como uma opção funcional de transporte em qualquer lugar do mundo.

O meio mais rápido para ir do Paraíso à Vila Olimpia