Não me lembro exatamente se foi na Estação Sé ou na Estação República da linha Vermelha do Metrô, que embarcou no mesmo vagão que eu um cego com seu cão guia. Avisei o sujeito que havia um acento vago a sua frente. Ele se sentou. O cachorro labrador se enfiou em baixo do banco e deitou a cabe ça no chão.

O vagão não estava super lotado, mas estava bem cheio. Após o trem sair da Estação Santa Cecília, me posicionei próximo a porta do lado direito, para descer na Barra Funda. Houve um pequeno e normal “empurra-empurra” enquanto passageiros desembarcavam e embarcavam na Estação Marechal Deodoro (observação: nesta estação abrem-se as portas do lado esquerdo do trem, então eu não estava no caminho de ninguém). Derrepente senti de baixo do meu pé direito algo fino e flexível. Ouvi um choramingo e egui o pé: era a orelha do cachorro.

Sei que o que direi agora é muito polêmico e corro o risco de ser “apedrejado”, mas transformar um cão num “quase zumbi” para compensar parte da defieciência de um humano não é crueldade contra os animais? Sei que muita gente dirá “não é bem assim, o cachorro fica feliz em ajudar” ou algo do tipo. Mas acho que aquele cara que embarcou no vagão cheio, precisa entender que aquele labrador não é uma bengala. Ele deveria ter o mínimo de respeito pelo ser vivo, que só existe para servi-lo, e esperar um trem mais vazio.

Sei que ele quer chegar em casa rápido, como todos nós também queremos. Mas precisa entender que o seu cão guia é mais dependente dele do que o contrário.

Tem um cão guia embaixo do banco