Desde criança usava os cadarços com o passamento cruzado. Eu até gostava do outro modelo, não sabia como fazê-lo. Mas também acha muito esquisito que uma das pontas subisse diretamente da ponta à boca do tênis sem atravessar qualquer casa.

Devo dizer também que até o começo da última década, os cadarços não cruzavam a língua do “bonitinho” como nesta foto, com a ponta vinda do lado de fora do pé sempre sobrepondo a que vinha de dentro. Passava totalmente uma das pontas, de baixo a cima, e depois a outra. Não se obtinha um resultado visualmente muito harmônico. Mas quem liga para isso?

Um dia comecei a ligar para isso e comecei a passas as pontas auternadamente, e sempre entrando por baixo da aba e saindo por cima. Com isso o estilo “de sempre” ganhou personalidade. Mas isso não me contentou.

Decidi que era o momento de tentar o passamento paralelo. Como eu disse, não sabia como fazê-lo. Mesmo assim eu tentei. Com linhas paralelas retas na superficíe e inclinadas em segundo plano, para atravessar de um lado a outro do tênis. É uma solução que até funciona bem se a língua e o cadarço tiverem a mesma cor. Mas em outros casos fica estranho.

Esse estilo novo acabou gerando uma variação com as linhas inclinadas no primeiro plano. Mas não gostei dessa variante. Usei-a tão pouco que nem a fotografei.

Quando o tênis acima já estava com a sola furando, que precisei comprar outros dois pares, um dos quatro pés saiu diretamente da vitrine da loja: CADARÇO PARALELO. Finalmente poderia adotar o “outro estilo” corretamente. Enttão decidi registrar todas as formas de passar o cadarço que estavam à minha disposição.

Nunca pensamos que algo tão banal quanto um cadarço possa trazer tanta variedade visual para o nosso cotidiano. E pensando nisso resolvi criar um outro estilo paralelo. Lembra-se quando mencionei que o “meu paralelo” gerou uma variável com linhas inclinadas em primeiro plano? E se eu fizesse isso sem linhas retas em segundo plano?

Deu trabalho, mas consegui! Tentei, analizei, tentei de novo, estudei, tentei mais uma vez, desfiz, refiz, até que consegui.

O resultado é interessante: note que no lado externo do pé, a linha sempre sai de uma casa acima para uma abaixo no lado interno. Juntando os dois pés isso forma uma “seta estilizada” apontando para a frente.

Mas para chegar neste resultado, sempre “apanho” quando compro um novo tênis. Preciso estar com um pé velho a disposição para me instruir. Mesmo assim acabo errando algumas vezes. Até parece simples, que é só subir uma casa, de dentro para fora, saindo e chegando sempre por cima da casa. Mas o segredo é, quando a pnta do cadarço chegar à casa de cima, ela volta, escondida exatamente atrás da linha que subiu, para o ponto de onde ela saiu. Passa para a casa de cima, no lado interno, por trás da aba, e assim sucessivamente. E olhar bem para foto até dá para entender o processo.

Quem tiver tempo e paciência para tentar, fique a vontade para tentar. Ficaria muito honrado de ver meu estilo sendo copiado.