Pequenos trajes de combate
Já ouviu falar da Vampirella? É uma vampira sensual que combate as forças das trevas. Não conheço muito bem ela, mas não tem como ignorar seus trajes.
Sexta-feira, quando um amigo mostrava um livro com versões de vários artistas, de diversas épocas, da Vampirella questioneis: como é possível lutar contra o mal com um traje tão diminuto?
Não foi por moralismo que lancei a pergunta. Já havia pensado nisso em relação a outras personagens, tanto do bem quanto do mal. Embora as roupas da Vampirella use pano insuficiente até para uma rainha de bateria, é funcionalidade que me interessa. Sejam mulheres da Marvel, da DC ou de qualquer outra editora, como é possível sair porrada com “tudo escapando”?
Este “problema” surge por dois motivos:
1· Em nosso mundo ocidental, a mulher deve sempre ser mais sensual que o homem. Repare, por exemplo os uniformes esportivos, principalmente no voley e no atletismo, em quanto os homes usam calções e camisetas folgados, as mulheres usam shortinhos ou biquines e blusinhas justas. Se fosse apenas por conforto por que os desportistas masculinos não se vestem assim também? Ou melhor, você respeitaria o Rodrigão, se ele jogasse de sunguina e babylook? Eu não.
2· No geral, as histórias em quadrinhos são produzidas por homens. E quando se trata de formas femininas, pensamos mais com os testículos do que com o cérebro. Então é inevitável, que na busca por sensualidade, alguns exageros aconteçam.
Mas os desenhistas se esquecem que um uniforme de combate, antes de tudo, deve ser confortável e funcional. E ser funcional, para qualquer roupa, significa cobrir o corpo. Durante a porradaria, quanto tempo levaria para a Vampirella ter o pouco de seu corpo escondido sendo revelado?
Não precisamos de um exemplo tão extremos como ela. Outras heroínas e vilãs de combate direto com uniformes não muito práticos. Decotes exagerados como o da Vixen (DC) e da Rainha Branca (Marvel) não deixariam uma mulher real muito a vontade para trocar puxões de cabelos com a amante de seu marido.
Shorts e maiôs muito cavados também não parecem muito práticos além de não oferecer nenhuma proteção às pernas, para aquelas que não possuam invulnerabilidade.
Até mesmo trajes mais comportados, como o da Mulher-Maravilha, são prolemáricos. Imagine a Princesa Amazona lutando com seu colant tomara-que-caia vermelho e dourado: de repente ela precisa erguer os braços e o que acontece? É só reparar em qualquer mulher com uma blusa ou vestido sem alças, toda hora ela precisa puxar para ajeitar a roupa.
Nos últimos 20 anos, os quadrinhos entraram num questionamento prático. Não moral, como na era de bronze. Mas os fãs se perguntam o quanto seria absurdo um poder, quanto treinamento um homem comum suportaria. Que inventos são possíveis. Quanto tempo demoraria para se perder uma identidade secreta.
Mas os trajes femininos ninguém contesta. A sensualidede acaba prevalecendo. Sem levar em conta que existem heroínas sexys sem exageiros, como a Moça-Gavião, a Mulher-Aranha e a Vampira (X-Men). E, como já disse no início, não é uma questão moral, mas prática. Mas de usar uma roupa confortável adequadamente à atividade.
E para não dizer que não existe nenhum tipo de contestação, uniformes de “meninas voadoras”, como a Supergirl e a Mary Marvel, são alvo de críticas masculinas moralistas, por causa das saias.