Dez anos, quando me tornei oficialmente um internauta, os computadores tinham resolução padrão de tela de 640 × 480 pixels. Na prática, igual ao padrão analógico de televisão. As placas de vídeo até já dispunham de resolução 800×600, mas pouca gente usava, por causa do tamanho dos monitores (14”).

Como na época, a conexão de internet também não era grande coisa mesmo, os sites eram criados com tabelas “flutuantes” (ajustando sua largura a uma porcentagem pré-definida da janela ou da tela).

Migrar para 800×600 não foi muito difícil. Numa tela de 15”, como a que eu tinha, as letrinhas não ficavam tão pequenas. Mas aumentar para 1024×796, não foi todo mundo que encarou. E foi nessa época que começaram a serem definidas larguras fixas para sites. A maioria das páginas estabeleceu uma medida de 800 pixels, descontando a barra de rolagem lateral da janela do navegador. A partir daí, a resolução das telas não seguiu mais a proporção “4×3”. Praticamente cada modelo de monitor adotou uma “resolução nativa” própria. Resolução nativa é a “quantidade ideal” de pixel para qual um monitor foi fabricado.

Nunca havia pensado na importância disso tudo até comprar meu atual monitor: uma tela de 22” wide screen com resolução nativa de 1620×1050. Faça as contas: 1620 ÷ 2 = 810 pixels. Ou seja, eu posso visualizar dois sites inteiros, em duas janelas diferentes ao mesmo tempo, lado a lado. “O mundo girou”; O hardware evoluíra, mas o software não, e isso gerou um benefício inesperado para mim.

De repente, os desenvolvedores de notaram este espaço “desperdiçado”. Acho que muito pouca gente ainda usa a resolução de 1024×796 hoje em dia, mas este foi o novo padrão adotado na web. Para mim, particularmente, uma desvantagem.

Façamos novamente as contas: 960 pixels × 2 = 1920 pixel. Se você pegar o manual de um televisor de última geração, no qual esteja escrito “Full HD”, em algum lugar encontrará descrita a resolução nativa do aparelho: 1920 × 1080 pixel. Olha aí o mundo dando outras duas voltas: novamente cabem duas janelas, lado a lado na tela (já que TVs de plasma e LCD podem ser usadas como monitor sem problema algum), e o computador e a televisão voltam a ter a mesma resolução.

Mas esta mudança não é o “fim do mundo”. Muitos autores de livros de web design recomendam que um site tenha uma largura máxima de 960 pixels, por questões ergonômicas, o tamanho aproximado deste blog.

Como profissional atuante na área do web design sei que isso não durará muito. Logo teremos que repensar este espaço e aproveitá-lo melhor.

Lá na época do 800×600, um site era construído página a página. Toda vez que se clicava em um link, tudo que já estava na tela precisava ser recarregado. A 56 kbps isso levava uma eternidade.

Hoje muita coisa mudou. Se você tem um blog, Twitter, Orkut ou um simples webmail ficará fácil de entender: nos sites atuais o visual vem de um arquivo e o conteúdo de um banco de dados. Note que todo perfil do Orkut tem a mesma aparência, exceto pelas informações pessoais. E quando você inseri ou altera uma informação, a mudança é imediata. Isso porque você mexe no banco de dados. A página tem locais pré determinados para cada tipo de informação, então ela quase nunca precisa ser recarregado.

Some isso à velocidade de conexão em banda larga e não fica difícil preencher uma tela de 1920×1080 pixels. Tomando como exemplo o Orkut de novo: você poderia entrar em uma comunidade e visualizar o perfil completo de um membro desta comunidade lado a lado, na mesma página. Num webmail você poderia escrever uma mensagem editar um anexo simultaneamente. Desta forma, teríamos seções menores que 960 pixels de largura, mas aproveitando toda a área da tela. O desafio é fazer isso sem poluir visualmente a tela.

Como a maioria das pessoas (inclusive eu) não tem um monitor Full HD, essas mudanças não são para agora. Mas como o mundo continua girando, devemos trabalhar nelas desde já, pois quando chegar a hora de implementa-las, elas ponde já estar obsoletas.