Duas semanas atrás, estava numa loja de quadrinhos no Cambuci, conversando com alguns amigos quando começamos a falar de “Batman & Robin”. Isso mesmo, entre aspas. O papo não era mais sério, e realmente estávamos ofendendo a “honra” da Dupla Dinâmica.

Pegamos várias capas, não só do Batman, e procuramos malícia em todas. Até que eu cometi o erro de mexer com um dos deuses dos quadrinhos, Jack Kirby. O cara simplesmente criou o Capitão América, o Surfista Prateado, os Novos Deuses de Nova Genesis e Apokólis (DC Comics), cocriou o Quarteto Fantástico, os Vingadores e vários personagens do Catálogo Marvel, inclusive o Poderoso Thor.

Um certo dia, no final da década de 1950, Jack Kirby e Stan Lee (aquele que aparece em tudo quanto é filme) discutiam: “Precisamos criar alguém mais forte que o Hulk”. “Mais forte que o Hulk? Teria que ser um deus mitológico ou coisa do tipo”. Assim nasceu o Poderoso Thor.

Tenha certeza de uma coisa, mensagens subliminares existem. Não daquele jeito que vemos na literatura ou no cinema. Não para programar pessoas comuns como assassinos, ou outros absurdos do tipo.

Semiótica é a ciência que estuda a comunicação direta como subconsciente e do subconsciente. Lida diretamente com o que você entende, sem que afetar o que você percebe. Em outras palavras mesmo que você não tenha consciência de ter visto ou desenhado alguma coisa estranha, tipo um pênis, uma bunda ou um coração, tenha certeza que eles não estão ali por coincidência.

Pois bem, voltando àquela conversa sobre quadrinhos aí está a capa que quase gerou uma briga:

Repare bem como Thor segura o Mjölnir (o nome nórdico do martelo). Quando mostrei isso aos meus amigos, como já disse antes, procurava estabelecer uma relação de malícia com a ilustração. E como mencionei, quem fez o desenho foi Jack Kirby, o grande ícone da Era de Ouro dos Quadrinhos. E duas das outras três pessoas da pessoas da roda se ofenderam.

Para desfazer o erro, tentei explicar semioticamente o que aquela imagem queria dizer. Com um dos caras não teve acordo, o outro entendeu, aós se desarmar.

É isso mesmo que o Deus do Trovão está fazendo, empunhando seu pênis. Mais precisamente, ele está batendo na mesa: “quem nada aqui sou eu!”. E não há nada de erótico nisso. Ao contrário, é uma forte demonstração de brutalidade e de virilidade, ou simplesmente machesa.

Não foi Kirby quem deu o martelo a Thor, mas provavelmente isso pesou na escolha dele e de Stan Lee por seu “herói mitológico”.

Os Vikings deram o “dito cujo” na mão dele. Isso torna não apenas Thor mais másculo, mas todos os homens do Norte Europeu também.

E um esclarecimento importante: o subconsciente de cada pessoa interpreta cada mensagem (implícita ou explícita) conforme suas referências culturais e experiências anteriores. Um pênis, como no caso do Martelo do Thor qualquer outra arma empunhada por um guerreio, visto pelo subconsciente de um homem heterossexual, pode até causar repulsa, mas normalmente causa comentários do tipo “esse cara é foda!”. Quando se descobre o que há implícito numa imagem, acaba gerando um desconforto e até a negação de quem percebe.

Comentários

  1. Ganthet disse:

    Pois afinal de contas não há nada mais másculo do que empunhar um pênis por aí. Rob Halford que o diga.