“A fonte recebeu o nome Petra Sans em homenagem à minha cachorra da raça labrador e cor preta”. Ou foi algo parecido com isso que escrevi para justificar o nome da primeira família tipográfica que criei para meu TGI (trabalho de graduação interdisciplinar). Não me lembro mais das palavras exatas que usei.

O que lembro bem foi a dez anos (outubro de 2000), uma colega perguntou se eu queria um labrador. Uma amiga dela estava procurando alguém para adotar a cachorra dela. Comentei em casa sobre o fato, mas minha mãe não se empolgou logo de cara.

Tínhamos em casa uma vira-lata branca chamada Jully, ela estava com 12 anos na época. E num certo sábado de outubro, um vizinho meu foi em casa (nem me lembro mais para que, acho que para pegar algum CD-ROM emprestado, ou pegar de volta). No sábado seguinte ele voltou à minha casa. Quando estava indo embora , o acompanhei até o portão conversando. De repente, ele corta a conversa, olha para baixo e pergunta: O que aconteceu com a Jully? A Jully morrera numa segunda-feira, então adotamos a Petra na sexta-feira.

Quando fui com minha colega à casa da antiga família da Petra não me senti a vontade. Lá moravam um pai, uma mãe, uma filha de 12 anos e um filho de 10 anos. Minha amiga não avisara que eu iria lá. Embora pai e mãe tenham mostrado muita para eu levá-la, nem as crianças tenham chorado ou demonstrado qualquer resistência (chiaram um pouco, mas sem escândalo), ainda assim eu estava tirando um membro honorário da família.

Chegando em casa foi uma alegria imensa todo mundo feliz. Nem se lembravam mais da Jully. Até que a Petra começou a aprontar. Segundo os antigos donos, ela tinha apenas 10 meses quando fui buscá-la. Ou seja, ainda era filhote. Sempre que ela destruía alguma coisa, sempre alguém dizia “Credo! A Jully não fazia essas coisas”. Da mesma forma que ela ajudou a superarmos a perda da antiga cachorra, ajudou a termos saudades dela também.

Eu brinquei muito de “lutinha” e joguei bola com a Petra. Era muito divertido. A presença de espirito dela era incrível.
Porém, em 2007, ela tinha um caroço na teta. Precisou ser operada para retirada do caroço e para castração. Durante o período de recuperação, que não podíamos mais brincar com a mesma intensidade de antes, e eu já estava no meu atual emprego, acabei me afastando dela. Aos poucos ela também foi sossegando.

Agora em julho, quando meu irmão e minha cunhada passeavam com ela pela praça em frente de casa, a Petra passou mal. Eles a levaram numa clinica veterinária ali perto, onde a médica pediu que tirássemos uma radiografia de seu peito.

Quando levamos a Petra para fazer a radiografia, ela se agitou, perdeu o fôlego, e fiquei com medo que ela morresse ali no carro, em meus braços.

Já com as duas chapas em mãos, passamos na clínica e fomos atendidos de imediato. O diagnóstico:
O coração da Petra cresceu de mais. Ocupava todo o espaço do tórax (da coluna ao externo), e estava pressionando a traqueia dela. Toda vez ela se agitasse, o coração dificultaria a sua respiração.

A partir desse momento sabia que ela não duraria muito, e que morreria de repente sem nenhum aviso.

Na quarta-feira recebi um SMS da minha irmã dizendo “a Petra Morreu”. Pouco depois minha mãe também me ligou. A noite meu pai contou que a encontrou no mesmo local onde a Jully morreu.

Fui me abalar só no dia seguinte, quando estava indo para casa e comecei a pensar que nunca mais a veria.

A dor foi tamanha que na sexta a noite, procurei cachorros na internet. E pretendia sair sábado de manhã e só voltar com um novo mascote. Mas acordei com a cabeça mais fria e resolvi dar um tempo. Apesar disso minha família não queria pensar igual.

Fazem 22 anos que não sei exatamente o que é ficar sem cachorro.

Comentários

  1. Vanessa disse:

    Ahh João .. homenagem bonita pra Petra. Até me emocionei agora .. tbm tenho uma Jully lá em casa. Ela está conosco desde 97 e infelizmente tbm está passando por mals momentos relacionados a saúde …. mas recordar toda a alegria e as brincadeiras que ela dividiu com a gente nesse tempo, é maravilhoso. Mesmo quando ela se for, essas lembranças ficarão pra sempre com a gente. ;D

    1. JODF disse:

      Muito obrigado pela força.
      Tudo de bom a você, ao Erick e ao nenê.

  2. Nathália Piva disse:

    Eh uma pena. Cachorros saum sempre uma alegria em qqr casa. Naum tenho cachorro pq o predio q eu moro naum permite, mas dah p/ imaginar o que vc deve estar sentindo agora.

    1. JODF disse:

      Pois é… Agradeço pela força.