O que mais me impressionou no protesto
Hoje, no meu último passeio pela cidade, deparei-me com a concentração de uma grande manifestação. Estudantes de todo o Peru se reuniram na capital contra a intervenção do Ministério da Educação nas grades curriculares das universidades públicas e privadas.
O grupo era enorme. Alunos, funcionários professores e até os reitores marcharam juntos pelas ruas de Lima. Um carro de som, faixas, cartazes, apitos, buzinas e até fanfarras completavam a comitiva.
Havia um contingente enorme de policiais acompanhando o protesto. Aparentemente a tropa estava lá para proteger os manifestantes, não para reprimi-los.
Quando eles partiram, decidi seguir noutra direção. Porém, nossos caminhos se cruzaram novamente no Parque de la Exposición. Estava sentado num banco quando ouvi o carro de som. Fui até a rua para vê-los passando. Fiquei embasbacado com organização da passeata. Eles se agrupavam em blocos por categoria, região do país e instituição de ensino. Marchavam em filas (nada de muvuca).
Enquanto a polícia preparava o caminho, a galera esperava pacientemente. Alguns até sentaram-se na calçada. A coisa era tão civilizada que os vendedores de churros conseguiam circular pela galera e faturar um pouco mais.
Tudo sem baderna, sem quebra-quebra ou qualquer outro tipo de violência. Nem aquele rastro de lixo (comuns nos protestos brasileiros) ficava para trás. Ninguém jogava um bolo de papel na rua.
Mas o que mais me impressionou no protesto foi, apesar da pouca sujeira, o carrinho que fechava o cortejo e aspirava qualquer resíduo que ficara acidentalmente pelo caminho.