Acima do mundo, porém parte da humanidade
Quem acha que viagens espaciais são para matemáticos chatões ou para militares bundas-moles, por favor assista este vídeo. Depois continuaremos esta conversa.
Durante a última segunda-feira, o mundo todo falou deste vídeo. O coronel da reserva canadense Chris Hadfield gravou este cover da canção Space Oddity, de David Bowie, dentro da Estação Espacial Internacional (ISS). Essa foi a forma como ele se despediu da sua missão no comando da ISS. O clip foi editado na terra com o apoio da Agência Espacial Canadense, e postado antes que Headfield tocasse o solo do Cazacstão.
Alguns jornalistas até classificaram o seu protagonista como “o Astronauta mais importante das últimas três décadas”. Obviamente não pelas suas contribuições científicas ou pela sua bravura e liderança numa situação extrema. Mas por ter levado ao humano comum a vida em micro-gravidade. Ao invés de experimentos, Hadfield preferiu postar nas redes sociais atividades cotidianas, como lavar as mãos ou cortar as unhas, coisas que estamos tão acostumados, mas que fora do mundo se tornam extraordinárias.
Um tempo atrás, vi uma entrevista de Hadfield na qual ele dizia que sempre sonhou em ser astronauta, não pela glória pessoal ou pelo patriotismo (sentimento que podemos notar até no nosso tímido enviado Marcus Pontes), mas pelo facínio que sentia pela vida espacial. E nesta terceira viagem ao espaço, a primeira como comandante da ISS e a sua mais longa estadia longe do chão, decidiu partilhar o que tanto o encantava com o resto da humanidade.
Podemos até deiní-lo como o Primeiro Blogueiro Espacial. Embora ele tenha um blog de verdade, o agora ex-comandante da ISS twittou mais de 1500 vezes, postous milhares de fotos e vídeos durante os seus cinco meses de missão.
Não acompanhei os seus “espaço-posts”. Embora até tenha achado a ideia interessante, achava que ele seria mais um CDF chatão querendo parecer um nerd legal. Mas depois de assistir sua versão de Space Oddity, percebi que ele não é nem nerd nem CDF, mas um cara comum que conseguiu o privilégio de ter o emprego dos seus sonhos. Um sujeito tão mediano que posta fotos da própria escova de dentes no Instagram. É como acompanhar a viagem de um amigo pelo Facebook.
E uma outra coisa que li a respeito de Chris Hadfield, sempre que ele se referia a pessoas, seja à população de uma cidade, ou a própria humanidade como um todo, ele usava a palavra “nós”. Ou seja, Chris não estava lá representando o a Força Aerea do Canadá, a sua cidade natal ou o sobre-nome da sua família, mas estava lá em cima como representante de todos nós, humanos.