Abraçando o Choque Cultural
Nas minhas férias do ano passado, dividi o quarto do albergue em Berlin com uma turingiana chamada Bianka. Mesmo não falando o mesmo idioma, conversamos bastante sobrea aminha viagem (incluindo a minha passagem pela Turíngia), sobre a vida dela na Alemanha, a minha no Brasil e, principalmente, sobre fotografia.
Dividimos o quarto por duas noites. Uma característica muito evidente da personalidade dela foi o seu recatamento. Algumas pessoas me alertaram, antes daquela viagem, para a frieza e aparente “estupidez” dos alemães, mesmo assim achava que no caso dela fosse apenas timidez.
Acabei percebendo que não era só timidez quando fui me despedir. Abracei-a e percebi que ela não ficou à vontade. Era quase como se eu a molestasse. Ao mesmo tempo, notoriamente, ela tentou disfarçar o constrangimento, pois no fundo ela entendia que a minha ação foi natural e sem malícia. Ambos percebiamos então que viviamos um choque cultural naquele instante. O que é normal aqui, é abuso lá.
Este ano, em outra capital federal, a nossa, conheci outra europeia no albergue (não no mesmo quarto). Ela chegou po lá na sexta-feira a noite. Até tentei conversar com ela, mas como não sabia que ela falava português, e havia um húngaro “caindo matando”, o papo não rendeu muito.
Na manhã seguinte, a encontrei na porta do palácio Itamaraty. Me apresentei, descobri que ela falava português, nascera na Suécia, morava em São Paulo a um ano e meio ese chamava Grazina.
Aproveitamos para passear juntos pela cidade. Fomos à Torre de TV e Catedral. Comemos tapioca. Visitamos o Supremo e o Itamaraty juntos. Conversamos bastante. Como eu já havia vizitado o Congresso Nacional, e estava muito cansado, nos despedimos na porta do Ministério da Justiça.
Na hora de nos despedirmos, lembrei daquele pequeno contrangimento que passei um ano antes no continente dela. Ao invés de abraçá-la ou mesmo dar-lhe um beijinho no rosto, estendi-lhe a mão, agradecia pela comapanhia e disse “a gente se fala no albergue”. Mesmo ela conhecendo os nossos costumes locais, preferi evitar qualquer desconforto de amba as partes.
É curioso como algo tão inspontâneo quanto um abraço pode quase se tornar um incidente diplomático!