Quem tem exatamente a minha idade (com uma tolerância de um ano para mais ou para menos), quando comprou seu atlas geográfico escolar na terceira ou quarta série, lembra-se que existiam três ou quatro Estados que no lugar das suas bandeiras havia um retângulo branco. Quase todos eram ex-territórios administrados pelo governo federal. Só um deles era realmente um “Estado inédito”: Tocantis.

Quando digo que só quem tem exatamente a minha idade pode se lembrar do que estou falando , é porque no atlas da minha irmã, na época duas séries na minha frente, Tocantins tinha como capital uma cidade que não me lembro o nome. E no atlas dos mais novos, os Estados novos já possuíam bandeiras.

E foi neste contexto, de reformulação das aulas de Geografia que nasceu, no meio do nada, onde não existia nem uma tribo, talvez a última cidade do século XX. Não falo e emancipação, de um distrito que se separou de um município. Falo de uma cidade “novinha em folha”, planejada e pronta para receber quem quisesse chegar.

No início da década de 1990, antes do Casseta & Planeta Urgente se tornar mais um programa e squets, tipo Zorra Total, o Marcelo Taz fez uma matéria para o programa, poucos anos após o nacimento de Palmas. Fiquei com esse lugar na cabeça.

Os anos passaram. Me interessei por arquitetura, design, projetos, planejamento urbano. Sobre Palmas, sempre tive informações muito “picadas”. Não é um lugar muito citado nas mídias mais populares. Mas quando alguém a cita, é como referência de modernidade, de planejamento, que aliás, neste quesito é muito comparada à Brasília.

A cidade ainda parece muito incompleta. Ao lado de uma quadra (que aqui não é sinônimo de quarteirão) totalmente habitada, há outra ainda com mata intocada e densa de serrado. Ou seja, o crescimento da cidade já está demarcado e não precisa avançar para fora do perímetro urbano.

As quadras são grupos de quarteirões  (4×4) sercados por largas avenidas, ou seja, toda vila tem fácil saída para vias importantes. E as largas avenidas se cruzam em rotátoria, isto é, não há semáforos. Talvez a falta de ciclovias seja única grande falha de planejamento urbano, mas é algo perfeitamente corrigível.

É uma cidade belíssima. Mesmo assim, todo mundo contestou quando disse que viria pra cá nas minhas férias. Por desinformação e até por falta de curiosidade as pessoas deixam de conhecer lugares como este.

E é interessante que na fila do ônibus urbano, na porta do aeroporto, conheci três moradores locais (dois vieram no mesmo vôo que eu), que também contestaram minha viagem turística da cidade. Nenhum deles nascidos aqui (um bahiano, uma paulista e uma paulista), moram há algum tempo em Palmas. Mas me contextaram com entusiasmo, não achando que fiquei louco. Todos defenderam a cidade, se dizem bem adaptados. Disseram estar bem adaptados e não demonstraram vontade alguma de ir embora. Até me deram dicas do que fazer amanhã, domingo.

Palmas é uma cidade muito quente. Mas é um calor suportável, não é abafado.

Cheguei no final da tarde e só consegui tirar apenas uma foto, ainda dentro do avião. Ainda não consegui flanar pela cidade. Só dei uma volta rápida no shopping e jantei açaí à quilo na Avenida JK.

Chegando à Palmas no final da tarde.