A Luz em chamas
Procurei uma foto no meu Flickr para ilustrar este post, mas não achei. Desde que me entendo por gente a Estação da Luz sempre foi uma importante referência. Seja no percurso entre Jundiaí e São Paulo, ou somente dentro de São Paulo, ou apenas só passando por São Paulo. Sempre passo por lá com pressa, nunca fotografei as plataformas centenárias. As únicas imagens que tenho do local são do telão cilíndrico da linha 4 e no interior do Museu da Língua Portuguesa.
Vejo desde ontem tanta gente lamentado pelo museu (o qual muitos nunca visitaram). Tirando uma exposição temporária (que foi integralmente salva do fogo), o restante do acervo era todo virtual e/ou substituível. Mas o prédio centenário é insubstituível. Nem a sua função de ingração intermodal (a úncia entre a linha 1 do Metrô e qualquer outra da CPTM). Mais que isso, como toda grande estação de qualquer metrópole do mundo, a Luz por si só é uma referência cultural, onde podemos encontrar todo tipo de gente, vindo de todos os cantos da cidade e arredores (oriundos do mundo todo), indo para o lado oposto de onde veio.
Cada um dos passageiros que passam diariamente pela Luz, Barra Funda, Brás, Sé, Tietê, Jabaquara e todas as outras estações do sistema dentro ou fora da Capital, carrega consigo novas gírias e expressões idiomáticas, difundindo-as por toda Grande São Paulo. Então, na prática, qualquer estação de trem e/ou metrô importa muito mais à Língua Portuguesa do que um ‘museuzinho high tech’.
Torço muito que o prédio não esteja estruturalmente comprometido. Espero que o espaço seja restaurado logo. Todos precisamos que os trens voltem a circular por ali urgentemente. Esse incêndio não destruiu só um patrimônio arquitetônico. O fogo queimou uma parte da nossa dinâmica cultural.