Ghost Bikes na cidade e Cruzes na estrada
Hoje a tarde passei pela av. Paulista e encontrei esta ghost bike. Já tinha ouvido falar nela, mas nunca reparei o local onde ela ficava. Ela pertencia a uma mulher que morreu atropelada por um ônibus anos atrás.
As bicicletas fantasmas (em inglês, ghost bikes) são uma versão moderna, urbana e mais macabra daquelas cruzes de beira de estrada. Antigamente era comum em toda estrada encontrar pequenos altares ou apenas cruzes às margens de rodovias e vicinais marcando acidentes ou atropelamentos com mortes. Literalmente era uma homenagem das famílias aos entes queridos que nunca chegaram aos seus destinos.
Quanto mais cruzes, mais mortal a estrada. Barrancos sem acostamento e curvas fechadas e estreitas era onde mais se viam esses memoriais. Como hoje há muitas rodovias privatizadas, as concessionárias eliminaram muitas delas para apagar o passado macabro da via.
Hoje temos as ghost bikes. Há várias espalhadas por São Paulo e por várias outras cidades pelo mundo (sei que até Jundiaí tem uma, mas nunca a vi). Quando um ciclista morre, pega-se a magrela que ele pedalava na ocasião, pinta-se ela de branco e a fixam permanentemente no local.
Quando você vê uma cruz na estrada só sabe que alguém morreu ali. Não sabe o aconteceu e nem com quem foi (a não ser que haja um pequeno altar com uma foto). Passa rápido o suficiente para nem reparar na sua presença. É algo totalmente impessoal. É praticamente só um dado estatístico.
Já uma ghost bike foi uma peça importante do fato. O estrago da bicicleta após o acidente fica eternizado no local. Você pode passar por ela a pé. O seu carro, moto, bicicleta ou ônibus pode parar ao seu lado quando sinal fechar. Então é possível de analisá-la e, mesmo que você nunca tenha ouvido falar do ocorrido, imaginar exatamente como o ciclista morreu. É um memorial muito mais eficiente.