O Lobo também estava lá
Em todos os shows do KISS é comum fãs encontrar na plateia muitos fãs com maquiagens iguais às dos membros da banda. No domingo, 26 de abril, havia algumas pessoas no entorno do sambódromo pintando rostos por R$ 30,00. Vária meninas dentro da arena também acabaram com os seus lápis de olho desenhando estrelas ou bigodes de gato na cara.
Dessa vez, não tive a mínima vontade de me pintar, mas em 1999 eu queria muito. Só não fiz um desenho na cara porque eu não tinha maquiagem apropriada (a única opção disponível era gouache). Cheguei realmente a procurar em Jundiaí e São Paulo pintura de palhaço, mas nem pista de onde comprar consegui.
Com a cara de qual integrante eu iria no show? Coma de nenhum. Também não queria pintar-me como um dos “personagens” esquecido do KISS (ao longo das décadas, a banda adotou novos visuais, inclusive o de cara limpa).
Mas então como eu me caracterizaria?
Naquela época eu estava começando a entrar no universo de quadrinhos da DC Comics, a editora do Batman e do Superman. Não pude deixar de notar a semelhança do sujeito mais escrachado da casa com os “Quatro que são Um”. Então o escolhi me maquiar como o Lobo, o último Czarniano, responsável direto pela aniquilação da sua própria raça (segundo ele “porque eram todos um bando de pacifistas”) e que conquistou a imortalidade por ser expulso tanto do inferno quanto do céu (ele enfiou porrada até no próprio Satanás!).
Esse desejo se perdeu no meio de várias lembranças minhas sobre aquele dia em Interlagos. Mas, enquanto uma câmera fixada numa grua vasculhava o público em busca de peito, durante o show do Steel Panther, perdido no meio da galera o Lobo também estava lá! Dezesseis anos depois, alguém teve a mesma ideia que eu.