Passando pelo raio-x
Saí de Cusco hoje parecendo que correria tudo bem. Até consegui trocar meu lugar no meio por uma janela depois da asa.
Chegando em Lima com alguma folga, resolvi gastar meus últimos Soles e comer alguma coisa. A comida demorou a chegar. Precisei engoli-la rapidamente e correr para o embarque. Foi aí que a coisa começou a desandar.
Ao passar pelo detector de metais, o botão da minha calça o fez apitar. A segurança me perguntou de onde eu era e para onde eu iria. Respondi que era brasileiro e iria para Bogotá. Então ela me pediu para esperar, pois uma autoridade policial falaria comigo. Pensei “pronto, acham que sou traficante e irei para a cadeia aqui no Peru”.
Quando policial chegou, me levou até uma sala onde havia um colega dele. O outro policial me deu um documento para ler e assinar (Espanhol e Inglês). O papel solicitava a minha autorização para um “procedimento invasivo de escaneamento com raios-x”.
Que escolha eu tinha?
Assinei o papel. Fui colocado numa esteira para ser inteiramente radiografado. Era como se fosse eu uma mala! Aliás, o policial revistou a minha bagagem de mão e me fez ligar o computador. Mas depois de tudo me liberou para embarcar.
É bom deixar bem claro que todos os agentes (seguranças e policiais) foram todos calmos e educados. Nenhum me hostilizou ou ameaçou. Até estavam respeitando o horário do meu embarque.
Mas esse susto não foi o único problema da viagem. Pouco antes do embarque começar, um grupo de idosas bêbadas saiu da sala VIP. Seis delas se sentaram nas duas filas a minha frente. Elas gritaram o tempo todo, davam em cima do comissário de bordo. Não deixaram-me assistir o chatíssimo (sobre um velho que era processado por construir uma casa sem um engenheiro responsável). Uma delas estava com um fedorento cigarro eletrônico.
Quando finalmente as mulheres calaram as bocas, um menininho começou a fazer birra. As senhoras começaram a cantar para acalmar o niño. E ficou nisso até o pouso.
Se não bastasse tudo isso, ainda quando fui pegar o taxi para o hostel, houve um último estresse. Combinei o preço com os encarregados da frota. Um deles me acompanhou até o local onde o carro me pegaria. Ele me disse “me dá a propina”. Pensei que era para pagar a corrida e entreguei o dinheiro. O outro encarregado apareceu com o motorista e falo “chegando ao destino, você paga a corrida”. Respondi que já avia pago ao colega dele, que retrucou que era só uma propina (gorjeta em Espanhol). Fiz ele entregar o dinheiro ao motorista e acabou a trambicagem.
Amanhã saio para explorar Bogotá logo cedo. Espero que minha cota de problemas tenha acabado hoje.