No meu último dia da cidade, aproveitei para lavar a roupa suja até aqui. Tive que correr até uma lavanderia próxima, pois choveu forte. Isso me ocupou a manhã toda. Então hoje dei um passeio curto pela cidade. Depois almocei e voltei para o albergue para arrumar a  mochila para seguir à próxima escala da viagem.

Como não vi muita coisa, aproveito para falar de algo que observo desde a minha chegada: têm muitos mendigos em Porto Alegre. Eles não têm aquele jeitão de noias cracudo, mas de mendigos “clássicos”. Enrolados num c0bertor ou dentro de  uma caixa de papelão. deitados sob qualquer marquise, viaduto ou qualquer outra coisa que lhes forneça um teto.

Dificilmente vemos mais que dois mendigos juntos. Não vi nenhum com cachorros.

Alguns deles arrastam carrinhos de papelão ou empurram carrinhos de supermercado cheios de latas de alumínio e garrafas PET. Outros carregam sacos ou malas com seus pertences. Mas a maioria só tem seu cobertor ou uma caixa de papelão.

Vi crianças nesta situação. Tinha uma dormindo numa caixa de bicicleta na entrada de um banco onde fui sacar dinheiro.

Não me lembro de outra cidade no mundo onde tenha visto tantos mendigos espalhados. Como disse, não me refiro a noias cracudos, mas mendigos “clássicos”. São aqueles que não temos medos. São do tipo que fingimos que não vemos.