É Carnaval
É Carnaval. O Brasil praticamente para por uma semana. De norte a sul a festa toma as ruas. Com todos os seus excessos e atraindo turistas do mundo todos, esta é a maior manifestação popular do país.
Para muita gente, os quatro dias de folia são um atraso o país. Despejam uma lista imensa e manjada de argumentos pseudo-sociológicos, que chamam a festa popular de “alienação do povo”, por favor esqueçam esse papo. Com tantos problemas na saúde e educação, nenhum centavo público (ou memo privado) deveria ser gasto no Carnaval.
Até o começo do mês eu também pensava assim. Mas vamos falar sério: acabar com o carnaval não resolverá qualquer problema brasileiro. A saúde melhorará se acabarmos com quatro dias de folia. O dinheiro que as prefeituras gastam com escolas de samba não são suficientes para resolver o problema da educação.
E depois? O dia que zerarmos os problemas do Brasil, as pessoas que se opõem ao carnaval deixarão de se opor? Ou eles têm esperança que num país perfeito, o povo dispensa suas festas populares?
Confesso que por anos fui muito contra o carnaval. Meu principal argumento: quem não gosta do carnaval não tem como fugir dele. Onde você vai tem carnaval. Liga a TV e só vê carnaval. Se você viajar para o lugar mais isolado do Brasil encontra carnaval. A única opção é ir a um retiro espiritual, que só acontecem durante o carnaval para religiosos fugirem do carnaval. Ou seja o carnaval se impõe e não há como escapar.
Será que assim mesmo? São quase 23h do domingo de carnaval e ainda não fiz algum esforço para evitá-lo, simplesmente por não precisar. E pensando bem, não me lembro de quando foi a última vez que o carnaval me trouxe mais transtorno que qualquer outro feriadão. Ou seja, tirando o transito da sexta-feira, não me afeta em nada.
Minha teoria a respeito: quem é contra o carnaval na verdade se baseia apenas em incompatibilidade de gostos musicais e apelam para a miséria do povo para tentar acabar com a festa. E se esses opositores criassem seu próprio baile? Um salão rockabilly ou uma jam session de blues ou jazz. Se não gosta de marchinha “toca Raúl” então!
Como disse, até o começo de fevereiro eu era contra o carnaval. Mas o ano passado, estive em Munique entre os dias 10 e 12 de setembro e não foi muito legal. Na verdade acabaei antecipando minha saída de lá de tão chato que estava. Exatamente uma semana depois, começou a Oktober Fest. Uma das razões para viajar em setembro foi justamente para não topar com a festa bávara. Então percebi que por sete dias minha estadia na cidade seria muito mais interessante.
E agora, no começo do mês, quando começaram as “choradeiras anti-carnaval”, me dei conta que a situação é exatamente a mesma. Eu poderia ficar reclamando ou aproveitar os dias de folga e fazer alguma coisa. Confesso que a preguiça, a internet e a TV não me motivaram muito no final de semana. Mas quero me obrigar a sair de casa amanhã, da mesma forma que arrumei um passeio de última hora em Berlin uma semana depois de ficar de saco cheio de Munique.
Se realmente sairei de casa amanhã eu não sei. Mas, em todo caso, antecipei o post da segunda-feira para domingo a noite.
E aos que ainda se opõe ao carnaval, por favor parem de encher o saco e aproveitem o feriado fazendo alguma coisa legal.