Uma lixeira icônica
Semana passada recebi minha lixeira Garbino. Aparentemente ela não passa de um balde torto de plástico made in China. Pelo menos eu tive essa impressão quando a vi pela primeira vez na TV. Ela é bem esquisita mesmo.
Então por que a comprei?
Numa tarde de domingo qualquer, estava eu navegando na internet enquanto a TV estava ligada no NatGeo (o canal National Geographic), quando começa um programa chamado O DNA das Coisas. Em cada episódio mostram-se três objetos comuns icônicos contemporâneos. Seus projetos são detalhados do ponto de vista do design, juntamente com um breve histórico do objeto e do fabricante. Detalhes da produção e distribuição são apresentados. Basicamente um programa interessante para quem é designer e mais interessante ainda para quem não é designer.
Pois bem, naquele episódio, um dos objetos apresentados foi a lixeira Garbino, nunca a tinha visto antes e não gostei muito quando a vi na abertura do programa. Fabricada pela empresa estadunidense Umbra, no ramo de objetos de decoração funcionais desde 1978. Projetada por Karim Rashid, um extravagante designer egípsio radicado no Canadá.
Uma lei importantíssima do design é “nunca avaliar um projeto antes de conhecer seu briefing”, ou seja, não dá para julgar algo antes de saber para que ele foi criado. E foi aí que minha ideia inicial sobre a Garbino começou a mudar. Rashid começou a explicar os conceitos que deram origem ao balde:
Primeiramente, a forma: esta silhueta curvada foi desenvolvida pensando-se no armazenamento do produto nos pontos de distribuição. Recipeientes cilíndricos anão encaixam uns nos outros, quando empilhados, ocupando um espaço maior. Baldes cônicos se encaixam, porém o peso da pilha provoca perda de pressão, intalando um no outro, podendo ocasionar quebra. Já a forma feminina da Garbino permite que uma lixeira encaixe na outra sem intalar. A aparência deriva-se de algum aspécto funcional em todo bom projeto.
As alças foram projetadas para fora do corpo. Assim, quando o recipiente é esvaziado, não é preciso ter contato com o lixo quanos ele estiver cheio.
Outra característica (não vizível na foto) é o fundo côncavo. Normalmente, para se criar o apoio, recipientes possuem fundos convexos, do ponto de vista interior. Porém na Garbino optou-se pelo contrário para evitar que líquidos se acumulem nos cantos, tudo que é molhado escorre para o centro; isso evirta que a sujeira grude em áreas estreitas e fique presa, dificultando a higienização da lixeira.
O mateiral escolhido foi plástico injetado (não me lembro exatamente o tipo exato). Criar um produto barato, de rápida produção, resistênte e, consequentemente, de grande aceitação no mercado. No site da Umbra ela custa 7 US$, mas claro que a Tok&Stok aproveito para dar uma bela “mordida” e cobrar R$ 38,90, (preço bem parecido com imitações, de fundo convexo, que vi na C&C).
Por fim o nome Garbage é ajunção de garbage, lixo em inglês, com o nome de uma atriz italiana da era de ouro do cinema (que não me lembro mais quem era), em homenagem às suas curvas.
Mesmo com toda essa explicação ainda acho a Garbino bem esquisita. Mas acho que projeto se justifica: Atende aspectos funcionais, ergononicos e de produção seriada. Então decidi que ela merece um lugar embaixo da mesa do meu computador.
Uma última curiosidade: a Garbino é a peça mais barata em exposição permanente no Metropolitan Museum de Nova York.