Eu quero viver
Sexta-feira passada, pouco antes de ir embora aqui da empresa, o UOL me lembrou que completara 10 anos da morte de Joey Ramone. Depois de lutar alguns anos contra um “câncer no sistema linfático”, o grandalhão mais estranho do Rock sucumbira.
Sinceramente, não lembro que dia da semana foi, mas lembro-me bem do sentimento que compartilhávamos no cursinho: frustração.
Conheci os Ramones em 1997, quando a banda já tinha acabado. Aos poucos, se tornou minha banda preferida. Numa época. Na verdade, todo mundo gostava de Ramones naquela época. Onde se andava na rua, sempre se encontrava algum moleque com camiseta dos caras. Todo “som” que se ia, cada banda (quase obrigatoriamente) tocava uma música deles. E sem falar dos “órfãos” e fanáticos tiozinhos que curtiam Ramones desde antes da minha geração nascer.
E não foi por falta de boas opções. Era a época do Ska-Core e da ressurreição de quase todas as bandas que fizeram a história do rock. Ou seja, enquanto todos voltavam, e els pararam. Por isso muito se falava de uma volta da banda. A doença de Joey já era conhecida, mesmo assim todos esperávamos o dia que ele, Johnny e mais dois anunciariam a volta dos Ramones.
Lembro-me de saber da morte de Joey pelo Jornal Hoje, da TV Globo. Pra quem não viu mas esperava ver os criadores do termo “Punk” sobre um palco foi muito difícil. Não chorei, nem tive vontade, mas foi um “banho de água fria” compartilhado com toda minha geração.
Não quero polemizar aqui com coisas como “Ramones foi a melhor banda”, “foi a mais importânte” ou qualquer outra afirmação subjetiva do gênero. Prefiro comentar da importânciada banda na minha vida. Embora surgida num contexto decadente, onde o caos e a podridão, anos antes que eu nascesse, os Ramones chegaram aos anos 90 com uma bagagem do que podemos chamar de “um tipo esquisito de felicidade contagiante”. Não era algo tão agressivo e deprecivo como o Grunge, nem um “oba-oba” como os precursores do emo Green Day, mas a lendária banda dos “três acordes e três minutos por música” fácil de tocar e fácil de gostar. A partir daí, minha visão musical se expandiu como nunca. Seja punk, hard core, havy metal, rock’a’billy ou qualquer sub-gênero do rock, foi com Joey e Johnny que aprendi a que ser legal não quer dizer ser tecnicamente bom, e vice-versa.