O Brasil fora dos trilhos
Já tem algumas semanas que pesquiso uma viagem pelo Brasil. Pelas minhsa contas, passando por três ou quatro cidade do Cento-Oeste e Norte, eu gastaria mais do que gastei com minha viagem para a Alemanha no ano passado, percorrendo seis cidades, incluindo a passagem daqui pra lá.
Avião ainda é, e por muito tempo será, muito caro no Brasil. Parte pelo “lucro Brasil”, parte pela fraca infra estrutura do setor. E parece que nem a iminencia da copa do mundo parece melhorar isso.
Uma alternativa seria percorrer alguns trechos de ônibus. Mesmo supondo que a maior parte do caminho seria por estradas boas, são muito poucas as linhas de grande distância no país que não param em todas as cidades que estão no caminho. E poucas são as rodoviárias a beira da rodovia, ascrescentando ao percurso transito urbano. Isso multiplica o tempo de viagem. Fora o desconforto de entre bancos e corredores estreitos. Uma viagem de uma semana duraria fácil 10 dias.
A solução? Trem? Não sei o resto do país, mas em São Paulo o trem de longo percurso, que cobria toda a malha estadual, acabou em 1998, quando o sistema foi privatizado. E quando se discute transporte de passageiros sobre trilhos no país, fala-se de um caríssimo e quase inviável TAV (Trem de Alta Velocidade) entre o Rio de Janeiro e São Paulo.
E o resto do país? O trem normal, tipo aquele que eu viajava para Bauru na minha infância e adolescência, não pode voltar a cobrir toda a malha ferroviária do Brasil? Duas ou três composições por dia atrapalhariam tanto assim o transporte de carga? Creio que isso seja mais uma questão de política que econômica, que um dia torço para o povo resolver nas urnas.
Depois dessas constatações, decidi visitar no último sábado o Museu da Companhia Paulista, em Jundiaí. Muito mal cuidado, mal iluminado e cheio de goteiras. Não ia lá desde criança, mas lembro-me que o acervo era muito maior do que encontrei no final de semana.
Pelo menos descobri que parte das locomotivas e vagões do acervo que sumiram a quase 15 anos do pátio do museu estão trancados num galpão. Mas falta muita coisa.
Existem algumas locomotivas elétricas e diesel apodrecendo à vista de todos em frente ao prédio. Veículos que não precisavam nem estar no museu, mas transportando passageiros pelo Estado se estivessem conservados.
Foi em frente de um desses trans podres que encontrei uma criança com uns quatro ou cinco anos anos. Então pergunteia ao pai dele se ele acreditava que o filho um dia ainda viajará de trem. O homem disse, com um tom de lamento, que dificilmente.
Hoje sobraram alguns trens turísticos pelo país. Mas viagem mesmo, esquece. A maioria das estações já tem outros usos que nada tem a ver com ferrovia.
Acho que um pôster que vi no museu resume bem a história: